domingo, novembro 28, 2004

o conto da abelhinha abelhuda

Josefina, abelha-fêmea, era, na verdade até bem gorda. De asas pequenas, quase não conseguia voar por muito tempo. Em poucos minutos, cansava-se, pois fazia muito esforço para manter-se no ar, como todas aquelas outras jovens e estúpidas abelhinhas.
Godofredo, seu companheiro de todas as horas, adorava passear entre as flores com Josefina. Abelha-macho, considerava tal rótulo um desrespeito. Era macho, sim, senhor. "Muito macho"! Mas dizia-se ou macho ou abelho. Isso - definitivamente, Godofredo era um abelho. Era forte e ágil, tinha as asas leves e grandes - fazia malabarismos no ar e ninguém jamais o alcançara quando estava em alta velocidade, zumbindo pelos campos afora.
Apesar do intenso e constante trabalho na colméia, Fina e Fredo (como se chamavam um ao outro), não gostavam de fazer mel - "dá-me muita canseira", dizia a abelhinha. Gostavam mesmo era de passear, juntos, não nos campos, admirando as flores, mas pelas ruas da cidade, atazanando a vida das pessoas que eventualmente atravessassem seu caminho.
Era preciso muita paciência da parte de Fredo para acompanhar sua amiga pela cidade. Fina era muito lenta e ele já não tinha mais idade de esperar por nada na vida. Mas, por Josefina, Godofredo tudo fazia - era capaz até de passar duas horas fazendo um caminho que faria em alguns minutos.
Num belo dia ensolarado, saíram os dois a se aventurar na cidade. E, como a praia fica abarrotada de gente em dias quentes de verão, não havia lugar melhor para irem.
Como sempre acontecia, Godofredo voava na frente, parando algumas vezes para que Josefina o alcançasse. Quando sobrevoavam o calçadão da praia, cheia de gente e colorida pelos guarda-sóis, Josefina avista uma latinha alaranjada, de onde saía um aroma irresistivelmente adocicado, e, quase involuntariamente, segue em direção a ela.
Contra os protestos de Godofredo, a abelha pousa suavemente sobre a lata e fica a admirar seu conteúdo. Mas, antes que ela pudesse fazer qualquer movimento, é brutalmente atacada por uma mão gorda e branquela que a deixa quase imobilizada, caindo dentro da lata e mergulhando naquele líquido gelado.
- Abelha #$%@$&#@%!!! Caiu na minha Fanta!
E Fredo sai voando freneticamente, tentando escapar da brutalidade humana.
Bem longe dali, percebe um zumbido familiar que o acompanhava.
- Aí, Godo! Que tal dar uma volta?
Era Januária, prima mais nova de Josefina, voando como nunca vira antes.
Passearam entre os girassóis do campo, casaram-se e tiveram várias abelhinhas.
Enquanto a abelhuda da Josefina agonizava em bolhas de gás à espera do retorno de seu amado.
- Uma asa lava a outra, Fredo... Cadê você que não volta?
Morreu achatada e afogada, imersa numa lata de Fanta Laranja.
Cruel, mas verdadeiro.

sábado, novembro 27, 2004

431

Hoje foi um dia especialmente massa. E bem longo, também!
Acordei bem cedo porque havíamos combinado de tomar café da manhã todos juntos antes de ir à praia de Itacoatiara.
Detalhe sórdido: fechamos o pacto de ir à praia em meio a um dilúvio que atingiu a cidade ontem à noite. Alagados e ilhados, enquanto tentávamos alcançar nossas respectivas casas, decidimos: "Amanhã, faça chuva ou faça sol, todos têm que estar de pé às 7:30, já partindo para o café coletivo".
Com alguns minutos de atraso, lógico, alcançamos o local combinado e nos alimentamos enquanto o sol, timidademente, aparecia e invadia a janela da sala, desperdiçando-se num copo de café.
E, porque o sol saiu, fomos com as caras e a coragem enfrentar a praia que estava, a propósito, linda e apinhada de gente.
Depois de umas bombadas, voltamos para casa já combinando um programa, no mínimo, diferentoso: assistir a um show na praia de Icaraí.
Show?
Alceu Valença, com todo aquele carnavaleirismo de Pernambuco, vem parar aqui em Niterói pra fazer um show de graça, ao ar livre, com som de maré, em comemoração aos 431 anos da cidade.
Não é qualquer um que tem a oportunidade de assistir a dois shows do Alceu no mesmo ano.
Não é qualquer um que tem a oportunidade de assistir a dois shows do Alceu ao ar livre.
Não é qualquer um que tem a oportunidade de assistir a dois shows do Alceu ouvindo o barulho do mar...
Não é qualquer um que tem a oportunidade de gritar: "morena tropicana, eu quero seu sabor"!


Hoje é aniversário de Rafa e Vítor. Infelizmente, não tive tempo de ligar pra eles e poder dizer o quanto eu lhes desejo tudo de bom, sempre. Que muito os amo e morro de saudades de achar graça neles, sem precisar fazer esforço algum. Crianças queridas, amanhã falo com vocês direito. Felizes aniversários!!!

Aproveitando a deixa, minha prima de todas as horas completou mais um ano de vida há dois dias. Pel, você é meu chão e meu céu - e tudo entre eles. Parabéns e que muitas alegrias contagiem todos os teus dias... te amo.

terça-feira, novembro 23, 2004

entre e chopp à vontade

Pensei que um dia pudesse participar da minha própria Calourada. Tive duas, mas não pude comparecer a nenhuma delas.
E, depois de depositar todas as esperanças na minha última chance, descubro que ninguém aqui faz Calourada. "O quê? Ca-loura-da?"
Ih, que roubada!
Mas não deixam passar em branco a entrada dos novos alunos e fazem, sim, Choppada.
Então, acho que dá na mesma, não? Pois bem, hoje vai ser a minha Choppada. Segundo os organizadores, que pouca contribuição (financeira, mesmo) tiveram de nós, calouros, haverá chopp, refrigerante e água à vontade - é só entrar. Estudante de Comunicação Social não paga (quer dizer, não paga entrada, mas já deveria ter contribuído (financeiramente, digo) há muito tempo).

Combinado, então: terça, dia 23 de novembro, logo após a última aula, às 22 horas no Convés, próximo à antiga estação da Cantareira.
Quem vai?

domingo, novembro 21, 2004

O Diamante.

Ainda sob a mesma temática adocicada,voltei hoje do almoço da casa da minha tia sonhando com a barra de Diamante Negro que havia comprado pra mim ( pra mim) dias antes.
Mas, ao chegar em casa, tenho uma surpresa desagradável e, convenhamos, muito pouco surpreendente. Como acontece com tudo aqui em casa, as formigas atacaram a barra de chocolate que era só minha! "Filhas de uma mãe!!! Vão arranjar o que fazer!" Já não bastasse terem invadido meu pote de açúcar no início da semana, agora me vêm com mais essa.
Aberrações da natureza são essas formigas, isso sim.
Tudo bem que o chocolate já havia sido aberto pela minha pessoa, sempre sedenta por glicose e calorias, mas, depois de satisfazer minha gula, fechei o pacote bem embrulhado, tapando todas as possíveis entradas e obstruções com fita adesiva. Vedei-o hermeticamente.
Começo a desconfiar que divido apartamento com formigas atômicas. Ou mágicas, que se teletransportam e se multiplicam com rapidez e facilidade assustadoras!

Arranjei soluções, no mínimo, desagradáveis para meus mais recentes problemas: o chocolate vai ter agora que dividir o frasco de vidro com as bolachas (salgadas, enfatize-se) Club Social - eles que se entendam lá por dentro. Já o do açúcar resolvi da maneira mais clássica: escrevi sal no pote em que o guardo.
Veremos no que vai dar.

O Sundae.

Ontem resolvi gastar um dinheiro a mais no McDonald's. Porque ninguém é de ferro. Fez um dia lindo e, aproveitando estar em Botafogo, depois de assitir a O Abraço Partido - do argentino Daniel Burman - passeamos pelo shopping em frente à praia e subimos 8 lances de escada (rolante, ainda bem) para admirar a vista da praça de alimentação. E, logicamente, fazer um lanchinho.
Na lanchonete citada pedi, pela primeira vez, o tal do Chicken McJunior, que é pequeno, mas gostoso, e - o fundamental - mais barato que os outros. "Apenas 2 reais e 95 centavos."

Assim que terminei com ele, uma simpática moça, usando aquela farda vinho feiosa, veio nos oferecer sobremesa. Vejam, eu já queria um sorvete desde que passei pela frente do McDonald's pela primeira vez. Mas me faltava coragem pra levantar e ir atrás do meu desejo consumista. Sobrava-me, isso sim, preguiça - muita preguiça (coisa que, aliás, nunca me faltou nessa vida). Resolvendo todos os meus problemas de uma só vez, a simpática moça vestida com a feiosa farda vinho se aproxima:
- Que tal uma sobremesa? Temos várias opções...
Digamos que caiu do céu essa oportunidade única.

Mas, antes de efetivamente pedir o sundae, algumas considerações têm de ser feitas.
Depois que foi lançado o irrestível top sundae, o sundae, propriamente dito, começou a ser composto praticamente por sorvete e castanhas apenas. Suprimiu-se sua calda. E, para uma "bombada extra" de calda, pagam-se absurdos não-sei-quantos centavos a mais. Desde então, meu eterno conflito existencial está na difícil escolha entre um sorvetão - boiando em calda quente, polvilhado com farinha de paçoca e enfeitado com dois crocantes tubinhos de biscoito - e meu dinheiro. Sim, porque a comprar um sundae como o estão vendendo, prefiro uma casquinha sem graça.

Mas, nesse exato dia, não queria gastar meu rico e suado dinheirinho com um capricho adolescente. E, diante daquela simpática e sorridente moça, olhando para sua farda feiosa vinho que roubava minha atenção do cardápio segurado por ela, finquei pé e decidi:
- Me traz um sundae, por favor?
- Sundae? Só dois e noventa e cinco. Qual o sabor?
- Misto, com calda de chocolate. Pode ser?
- Lógico. Quer castanha?
- Lógico!
E foi-se a moça com meu dinheiro tilintando pela praça de alimentação, enquanto eu pensava no meu suposto arrependimento posterior por escolher um sorvete que não iria atender às minhas expectativas. Eu sempre tive, na verdade, ânsias de dizer para a moça do caixa que queria um sundae, mas igualzinho àquele da foto. "Esse, moça... Com bem muita calda. Se não for igual, eu devolvo!"

Eis que, interrompendo meus devaneios, reaparece a simpática, segurando meu sundae.
- Com licença...
- Ah! Obrigado!
Quase não acreditei quando vi meu sorvete. Estava, pasmem, igual aos das fotos! Só que, como havia pedido, com sorvete misto.
E deu-me vontade, pela primeira vez em toda minha existência, de gritar amo muito tudo isso!
Que me perdoem os anti-americanos ferrenhos.

*Quando passar com alguém por um quiosque de sorvetes McDonald's, vou dizer, todo orgulhoso: "Tá vendo aquele sundae ali? Já tomei um igualzinho..."

sábado, novembro 20, 2004

Natal... mas já?

Chega a me irritar tamanha antecipação das coisas. A que fazem com o Natal é uma delas - talvez a pior. Não, não é que eu não goste do Natal. Muito pelo contrário, acho-o garantia de um ótimo dia. Porque é sempre uma festa e todo mundo se junta pra comer comidas bem boas, trocar presentes e dar risadas até o fim da noite.
Minha irritação vem do fato de que todas as cidades ficam ornamentadas pra nos dizer que o ano está chegando ao fim, outra vez, e que o Natal está mais perto do que imaginamos, ainda que falte mais de um mês para o dia 25 de dezembro. E acaba, mesmo, ficando bem mais perto, chegando bem mais rápido...
Como se já não bastasse o ritmo frenético que consome cada vez mais nossas vidas, ainda arrajamos maneira de nos ficarmos torturando com o que virá. Nem podemos mais aproveitar o presente. Acho que temos, antes de nos preocupar com o futuro, que aprender a viver nossos dias diariamente. Porque temos todo o tempo do mundo.
Se bem que, pensando melhor, se tanto já se fala do Natal, se está realmente mais perto do que se imagina, não tenho por quê me preocupar. Afinal, Natal é a hora de me despedir da solidão - melhor, impossível.
Então, feliz Natal e próspero ano novo.
Ainda não? Mas já está tão perto...
Tudo bem, depois reenvio meus votos.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Meu remédio é cantar.

Tive, então, uma semana diferente. Porque começou na quarta bem cedo e terminou na terça seguinte, bem tarde. E, principalmente, por causa das já faladas ilustres visitas que recebi.
Passeamos bastante. E matamos saudades já antigas, que renasceram assim que saíram daqui. Percebi que as coisas de que mais sinto falta são, realmente, as menores. As boas regras de convivência (ou a quebra delas), as risadas, os abraços. E da confusão que é pra todo mundo se arrumar e sair de casa. Horas e horas de banho, um tempão escolhendo roupa, uma eternidade em frente ao espelho.
Mas sinto falta mesmo - e não podia ser diferente - das pessoas. De todos. E só matei a saudade de uma pequena, mas importantíssima parte delas - valeu a pena. Não teve bolo, mas nos divertimos à beça.
Também chegaram, junto com minhas visitas, notícias frescas do outro lado. Presentes, na verdade. E ótimas surpresas.
Meus primos, Diogo, Vítor, Danilo e Rafa (em ordem crescente de idade) me mandaram cartinhas. Tia Cris e tia Dadá até meteram o bedelho, da forma que melhor conseguiram, pra também escreverem.
Fiquei impressionado com os talentos que me revelaram. Além das lindas mensagens, descobri que Vítor já escreve que só e Rafa tem uma letra linda. Danilo e Diogo me desenharam como me vêem e, com simplicidade comovente, escreveram tudo o que eu gostaria de ler.
Sem contar o que vovó mandou e o presente de tia Aninha, que, depois de tantas tentativas frustradas, chegou - um DVD player, para eu estudar (não é pra qualquer um, não...)!
E, como meu remédio para saudade é cantar, adquiri, por causa da minha avó, o novo CD do REM.
Ninguém merece querer um CD que está sendo vendido por nada menos que R$45,00. Antes fosse ele duplo. Mas não... só porque é REM. Ou não - talvez seja só porque eu quero, mesmo. Que seja, comprei-o. E é massa!!!
E recebi a pulseira, Lellye, você sabe. Adorei. Enfim, chegou nas minhas mãos, mas não consigo colocá-la. Eita troço complicado!

"It's easier to leave than to be left behind
Leaving was never my proud"

sexta-feira, novembro 12, 2004

Sumiço repentino.

Sei que ando meio desaparecido. Ando mesmo sem tempo de pensar para escrever. Estamos andando por aí, Rio afora.
Volto logo. Já tenho muito a dizer, muito a agradecer...
Recebi tudo o que me mandaram. Adorei tudo o que recebi. Só me falta agradecer!
Farei isso aqui. Ou em outro lugar, mas farei-o.
Obrigado a todos.

segunda-feira, novembro 08, 2004

Ilmos.

Ontem o vassourão foi no quarto. Hoje é dia de arrumar a casa - definitivamente!
Pra deixar tudo limpinho e organizado para minhas ilustres visitas de amanhã cedo. Queria até fazer um bolo. Mas bolo bom é bolo quente. E meu bolo, em si, já não é lá grande coisa. Não ia dar certo. Talvez depois...
E já que falo de ilustres, recebi ontem um telefonema muito ilustre. Primeiro, fala o meu primo Diogo, com sua voz peculiar e inconfundível, me dizendo que sente saudades de mim...
"Eu também, Gô..." - o que mais eu posso dizer? A uma criança...? Porque é grande o amor, mas são tão raras (e difíceis) as palavras que o expressem, que não é muito agradável gastar tempo com elas.
Com o mesmo nó ainda na garganta, falo com tia Dadá. Adoro ouvir as pessoas de quem sinto falta.
E aqui tudo vai bem até eu lembrar que perco muita coisa de todos, estando longe. Porque as pessoas crescem, mudam, envelhecem, aprendem. E tornam-se outras, melhores ou piores, parecidas ou diferentes - mas outras. O tempo não parou por aí - quisera eu.
Ganha-se aqui, perde-se ali...



Irene e CarusoDomingo fui ao teatro. Assisti à peça Intimidade indecente, escrita por Leilah Assumpção e interpretada por Irene Ravache e Marcos Caruso. Conta a história de um casal, Roberta e Mariano, que divide o mesmo teto há 25 anos. Até que é chegada a crise - e a separação. E, com um ótimo humor, retratam-se as desavenças das duas pesonagens, por anos e anos, reencontrando-se e lavando roupas deixadas ainda sujas, mas ainda declarando-se o amor.
A química entre os dois atores extrapola o palco e suas interpretações emocionam a platéia, deixando-nos com importantes reflexões sobre a vida. “Temos de acreditar no amor, e os dois [personagens] mostram que ele existe mesmo sem um relacionamento, e de várias maneiras”, diz Caruso.
Impossível não lembrar de alguém - e achar graça...
Guardem esse nome. Vale a pena.

domingo, novembro 07, 2004

amigos?

Gobinha
Sempre lembro de quem amo na minha cidade. Mesmo estando aqui, penso em todos que muitas vezes me abraçaram e me beijaram dizendo que iam sentir minha falta. E eu sempre dizia "Hoje, não! Quando chegar a hora, a gente faz isso... Aproveitemos."
Até que aproveitamos. Mas nunca é o bastante.
Sempre faltam uns minutos, umas horas, uns dias a mais para ficarmos juntos, potocando, rindo, (re)conhecendo-se.
Apesar de tudo aqui, sinto muita falta de todos. E me pergunto o que estariam fazendo nesse exato momento.
Minha vontade é de gritar bem alto para que vocês ouçam:
"Eeeeiii! Tou aqui, mas não esqueci de ninguém, não. Quero vocês ainda; nem pensem que se livraram de mim..."

Lembro-me de todas as grandes e pequenas coisas, dos melhores e piores momentos, das alegrias e tristezas. Se recordar é viver, tenho tudo comigo, converso e rio com vocês a toda hora.
Nas minhas muitas "despedidas" (desde quando soube do resultado do vestibular - Fiteiro - até o aeroporto) era difícil abraçá-los pela última vez em tempos. Não dá pra fugir das emoções, mas é sempre melhor aproveitar... Aproveitemos.
Sei que vou sentir falta de muita coisa aqui quando voltar. Mas o retorno que terei será muito maior - compensa. Enquanto isso, vou vivendo a vida por aqui. Saudoso, porém satisfeito. Por ter conquistado tantas coisas, ter chegado até aqui e não deixar os sonhos escorrerem entre os dedos. E sei que muita gente me espera.
Aproveitemos - jajá eu chego aí.

saudades

"E o que disserem, meus verdadeiros amigos sempre esperaram por mim."

sábado, novembro 06, 2004

Do caos à cama...

Pois a chuva parou a tempo de eu ir comprar a calculadora.
O temporal cessou, dando lugar a uma fina garoa, que foi se dissipando, permitindo, assim, que eu saísse de casa sem ser atormentado por águas caídas do céu.
Ando até o shopping, cuja entrada (percebo ao chegar) está abarrotada de gente ocupando a rua escura. Havia faltado energia - talvez por causa da chuva - e os seguranças não deixavam as pessoas entrarem. Mas umas lojas que ficam fora do shopping, mas têm conexão com ele, estavam com meia-luz. Entrei numa delas e a luz voltou ao normal. Mas só lá. O shopping continuou escuro. E eu voltei pra casa - viagem perdida...

Chegando, enfim, em casa, dou aquela rápida estudada, só pra tirar o peso da consciência. E "refrescar" a memória.
Durmo um bom sono, já prometidamente breve. Deu pra descansar à noite.

O despertador toca, anunciando a chegada das 5 horas. Remexe, remexe... Estica, estica... "Coragem, Bruno!" (Pára)... Depois de algum tempo, uns poucos minutos, levanto e entro no chuveiro frio a fim de espantar o sono e o calor. Semi-espantados (mais o calor que o sono), tomo um rápido café para sair de casa e começar uma longa e tediosa aventura.
Espero uns quarenta minutos pelo primeiro ônibus, que me pega em Niterói e me deixa bem perto da Escola Americana (local da prova). Falta-me subir a Estrada da Gávea, uma ladeirinha sinistra que me levaria ao local de prova, aonde deveria chegar às 7 horas, segundo a mocinha que me atendeu ao telefone. Depois de mais um tempo de espera, consigo pegar outro ônibus e subir a tal ladeira, chegando onde tinha de chegar às 7:40, exatamente.
Mas meu atraso não foi prejudicial. Aliás, tivesse certeza que poderia chegar um pouco depois, não acordaria tão cedo assim.
Almoço no Rio, mesmo, e só chego em casa às 15:30. Pensando no soninho bom à tarde.

Doce ilusão.
Eis que chego em casa e noto uma certa folia no térreo do prédio: uma festa muito bombada e bombante. Som nas alturas, cochilo frustrado. E frustrante, também. Ainda tentei dormir, mas tocavam umas músicas que, se eu não conhecia e perdia a concentração para cantá-las, odiava-as - e ficava rolando na cama.

E depois de um breve cochilo, bem aproveitado, até, ouço Chico Science - A Praieira.
Até esqueci um pouco da confusão que enfrentei só por causa de um cochilo.

Da cama ao caos; do caos à cama...

Ah, a propósito, a prova não foi ruim - o que não quer dizer que tenha sido boa... Mas a calculadora não fez falta: das cinqüenta questões de matemática, só precisaria dela para resolver três.

"Mas há fronteiras nos jardins da razão" (C. Science)

sexta-feira, novembro 05, 2004

medo da chuva


Hoje fez um dia lindo - quase o dia todo. Sabe aquele calor de que tanto tenho falado? Pois não foi diferente hoje...
Mas foi melhor porque fui à praia de Itacoatiara de manhã. Acordei cedo, tomei um café meia-boca e andei (bastante) até encontrar uma amiga e pegarmos um ônibus rumo à região oceânica. Foi massa lá! O resto do pessoal encontramos na praia, um tempo depois.
E, apesar de ainda achar as águas daqui geladas, hoje foi bastante propícia essa característica - deu pra dar umas boas refrescadas. Depois da praia, ao meio-dia, volto pro meu bairro, descendo no ponto errado do ônibus e andando (mais bastante ainda) até minha casa... Tomo banho, faço o almoço e almoço rapidamente, como nunca. Chego na aula às 14:10, junto com a professora. "Ufa!"

Só sei que, no fim da aula, às 18:30, mais ou menos, repentinamente, cai aquele toró! Pense numa chuva - raios e trovões - e ninguém preparado. Pior que eu precisava ir no shopping Plaza pra comprar a calculadora da prova de amanhã. Caso a chuva ceda antes das 21:30, eu vou correndo e volto andando. Se não, encaro a prova sem calculadora, mesmo...
A última vez de que me recordo ficar assustado com a chuva foi quando o quadro da casa de Emília caiu... E os prédios não paravam de balançar no ritmo frenético dos trovões. Aqui, o céu não pára de piscar por causa dos relâmpagos. E o barulhinho dos trovões não é nada confortante. Aliás, confortável não é a palavra hoje: mesmo com a chuva, o calor permanece.
Menor, mas ainda invade a casa.

"Corre, corre, corre, que vai chover.
Olha a chuva!"

quinta-feira, novembro 04, 2004

Que tal um doce?

brigadeiro de colherDesde que cheguei aqui sinto uma incontrolável vontade de fazer e comer brigadeiro. De colher, daqueles bem deliciosos, feito na panelinha, no fogão... hum... A vontade cresce em progressão geométrica à razão de uma hora.
Mas, por incrível que pareça - e para minha infelicidade -, não consegui ainda arranjar tempo de pôr a barriga em frente ao fogão e mexer os ingredientes até que a mistura descole da panela.
E a coisa vai piorando por, pelo menos, dois motivos: a paciência para lavar tanto pratos quanto panelas e talheres vai-se esgotando a cada dia e o calor já não me deixa ficar muito tempo na cozinha (até a água que escorre da torneira é quente).



Por enquanto, não tenho conseguido fazer muito esforço mental. Porque não paro de pensar na minha prova de sábado... Me parece que vai ser difícil. E hoje descobri que vou ter que estar no bairro carioca da Gávea às 7 horas da manhâ, se realmente quiser fazer o teste. Isso siginifica dizer, em outras palavras - com certo eufemismo -, que terei que acordar às 5 horas da matina. Considerando que estamos em pleno horário de verão, vou acordar no meio da noite pra tomar banho e café, respectivamente, ou não agüentarei muito tempo em pé.

"No mais, estou indo embora."

quarta-feira, novembro 03, 2004

Rio, 50°

Domingo, após o segundo turno das eleições (coisa de que não agüento mais ouvir falar, por sinal), fui pra Piratininga, uma praia niteroiense - estava marcando 43° no reloginho em São Francisco (e hoje o dia foi mais quente, não sei quanto). Meu feriado foi ótimo. Passei com minha nova família.
Depois de tremer (mesmo) ao entrar no mar de Piratininga, deu-me uma saudade incontrolável das (agora sim, percebo) quentes águas oceânicas do litoral pernambucano. Por falar em Pernambuco, uma de minhas leituras no feriado referia-se à questão agrária no Brasil (aproveitando os 20 anos do MST*) e nela descobri que é nesse estado onde ocorre o maior número de manifestações e invasões do Movimento dos Sem-Terra...
Para minha infelicidade, a revista que continha esse artigo não era nada atrativa - longas reportagens, letras miúdas, parágrafos extensos (além, é claro, de ter aquele como único tema da edição) -, como bem definiu-a minha prima, "um maravilhoso remédio para insônia".
E, não por falta de tentativas em contrário, parei de ler antes mesmo de terminar o único artigo que comecei (e com a melhor das intenções).
Hoje, pela manhã, remexia-me na cama ainda dormindo, sentindo um mormaço fora do comum. Quase inconscientemente, abro os olhos e vejo que já é dia. Apesar da cortina ainda estar fechada, a luz passava pelas frestas logo abaixo do trilho com uma intensidade anormal. "Meu Deus, perdi a aula! Já deve ser tarde!"
Olho pro celular, que me serve mais de relógio que de qualquer outra coisa - 7:10! "Mas que sol é esse?" Imaginem: estamos em horário de verão, mas eu não esperava que o verão, em si, fosse chegar tão rápido.
O dia todo foi quente, piorando a cada minuto que passava. As pessoas na rua secavam o suor da testa com as costas das mãos e suspiravam com certo ar de irritação. Na praia, só se viam bolas de vôlei, futebol e frescobol, passando de um lado pro outro. É verão!
Mas um verão um tanto quanto insuportável!
Agora já anoiteceu. Depois de um longo e quente dia, a noite era aguardada como um banho frio. Nada... parecia mesmo um banho de água morna. A temperatura não baixou tanto quanto eu esperava e o calor continua por aqui, entrando pelas janelas, consumindo todo o apartamento.
E eu pensando que recifense era acostumado a altas temperaturas...
Não consigo entender o que os americanos vêem em Bush. Eleito? Pô, qual é a de vocês, hein? Mesmo sendo um leigo, arrisco dizer que nossos vizinhos ricos estão acelerando o declínio do seu império. Não sei o que será do mundo nos próximos quatro anos. Ninguém sabe...
*Esta semana, aliás, é a II Semana Nacional de Cultura e Reforma Agrária, marcando os tais 20 anos do movimento que citei, a realizar-se na UFPE. Sei que hoje já é quarta, mas vale a pena não passar em branco. (né, Lellye?)