domingo, novembro 28, 2004

o conto da abelhinha abelhuda

Josefina, abelha-fêmea, era, na verdade até bem gorda. De asas pequenas, quase não conseguia voar por muito tempo. Em poucos minutos, cansava-se, pois fazia muito esforço para manter-se no ar, como todas aquelas outras jovens e estúpidas abelhinhas.
Godofredo, seu companheiro de todas as horas, adorava passear entre as flores com Josefina. Abelha-macho, considerava tal rótulo um desrespeito. Era macho, sim, senhor. "Muito macho"! Mas dizia-se ou macho ou abelho. Isso - definitivamente, Godofredo era um abelho. Era forte e ágil, tinha as asas leves e grandes - fazia malabarismos no ar e ninguém jamais o alcançara quando estava em alta velocidade, zumbindo pelos campos afora.
Apesar do intenso e constante trabalho na colméia, Fina e Fredo (como se chamavam um ao outro), não gostavam de fazer mel - "dá-me muita canseira", dizia a abelhinha. Gostavam mesmo era de passear, juntos, não nos campos, admirando as flores, mas pelas ruas da cidade, atazanando a vida das pessoas que eventualmente atravessassem seu caminho.
Era preciso muita paciência da parte de Fredo para acompanhar sua amiga pela cidade. Fina era muito lenta e ele já não tinha mais idade de esperar por nada na vida. Mas, por Josefina, Godofredo tudo fazia - era capaz até de passar duas horas fazendo um caminho que faria em alguns minutos.
Num belo dia ensolarado, saíram os dois a se aventurar na cidade. E, como a praia fica abarrotada de gente em dias quentes de verão, não havia lugar melhor para irem.
Como sempre acontecia, Godofredo voava na frente, parando algumas vezes para que Josefina o alcançasse. Quando sobrevoavam o calçadão da praia, cheia de gente e colorida pelos guarda-sóis, Josefina avista uma latinha alaranjada, de onde saía um aroma irresistivelmente adocicado, e, quase involuntariamente, segue em direção a ela.
Contra os protestos de Godofredo, a abelha pousa suavemente sobre a lata e fica a admirar seu conteúdo. Mas, antes que ela pudesse fazer qualquer movimento, é brutalmente atacada por uma mão gorda e branquela que a deixa quase imobilizada, caindo dentro da lata e mergulhando naquele líquido gelado.
- Abelha #$%@$&#@%!!! Caiu na minha Fanta!
E Fredo sai voando freneticamente, tentando escapar da brutalidade humana.
Bem longe dali, percebe um zumbido familiar que o acompanhava.
- Aí, Godo! Que tal dar uma volta?
Era Januária, prima mais nova de Josefina, voando como nunca vira antes.
Passearam entre os girassóis do campo, casaram-se e tiveram várias abelhinhas.
Enquanto a abelhuda da Josefina agonizava em bolhas de gás à espera do retorno de seu amado.
- Uma asa lava a outra, Fredo... Cadê você que não volta?
Morreu achatada e afogada, imersa numa lata de Fanta Laranja.
Cruel, mas verdadeiro.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

buti... vo ser bem sincera c vc...
q historia grande do carai... ligo logo q só li o começo e comecei a ficar c sono, entaum resolvi comentar logo. acabei de voltar da prova do vestibular... hj foi o 2° dia: mat, fis, quim e bio. foi uma desgraça, nem preciso comentar né??? vou dormir a tarde inteira... bju menino q eu amu mto!

29/11/04 09:36  
Anonymous Anônimo said...

Amoooooor preto da minha vida!!! Juro que me identifiquei com a abelha gorda...coitada! Hohoho..
Óa...esquecesse de um detalhe no post anterior sobre os shows de Alceu... poucas pessoas têm a sorte de assistir a dois shows GRÁTIS de Alceu no mesmo ano ;)
"carnaval foi bom demais..." clap clap clap
Em fevereiro a gente bomba em alceu!
Amutu!

:D

THaLê

30/11/04 20:15  

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