Que vem de lá
Eu sei que sou só uma falsa baiana, disse, olhando fixamente o altar. E pediu um pouco de paz ao Senhor do Bonfim, que prontamente atendeu ao seu pedido, fazendo cair sobre Salvador uma chuva de lavar as almas. Com os passos curtos, chegou à porta da igreja e fechou os olhos, pisando o degrau inferior e sentindo os pingos grossos das lágrimas do céu. Sentiu calafrios e labirintos, tremores e pontadas. Abriu os olhos e era noite, mas permaneceu ali, em pé. A falsa baiana só se moveu nas vezes em que o frio lhe entortou o corpo involuntário. Bebeu um pouco da chuva e chorou um pouco das lágrimas. Mas o pedido dela se tornou realidade e, no fim das contas, valeu a pena, pensou.
Ali no Bonfim, a falsa baiana sentiu paz pela primeira vez, desde que saíra de São Raimundo Nonato rumo a Salvador. Esqueceu da fome que lá sentira e dos filhos que lá deixara. E esse momento de paz, e frio, e dor a confortou mais que qualquer pão duro que já tivera comido no Piauí. Por algum estranho motivo, o santo baiano era bem mais forte que o tal do Nonato.
Ali no Bonfim, a falsa baiana sentiu paz pela primeira vez, desde que saíra de São Raimundo Nonato rumo a Salvador. Esqueceu da fome que lá sentira e dos filhos que lá deixara. E esse momento de paz, e frio, e dor a confortou mais que qualquer pão duro que já tivera comido no Piauí. Por algum estranho motivo, o santo baiano era bem mais forte que o tal do Nonato.
2 Comments:
quase me lembra jorge amado
:)
mili
ai que saudade me dá. :)
vou pra lá, vamo? nikki ia ficar doida de tererê na cabeça e tudo mais! ;)
Postar um comentário
<< Home