Ontem eu acordei e não tinha café na garrafa. Nem frio! Abri a geladeira e não tinha leite. Nem quente! Mexi um ovo mal-arrumado e comi bolacha com requeijão, chegando atrasado no trabalho. O cara na mesa da frente falou alguma coisa à qual respondi bom dia. Mas o dia não estava nada bom. Saí pro almoço e o carro foi soluçando do escritório ao self-service pé-de-chinelo que descobrira semana passada. A cabidela me engasgou e eu tentei me recuperar com um gole de coca-cola choca. Cheguei no trabalho depois de enfrentar uma infinda onda vermelha no trânsito. 30 minutos depois do expediente! Recebi vários telefonemas, nenhum deles para mim. Assinei várias cartas, nenhuma pra alguém de quem eu gostasse. O expediente acabou e eu pensei em voltar pra casa. Interfonei pro porteiro pra reclamar de uma correspondência que não era pra mim. Esperei duas horas até que a internete voltasse ao normal. Não voltou. Resolvi sair de casa e parei no boteco mais próximo. Gal Costa me fazia sentir como um bêbado indigente. Eu quase o era. Depois de algumas cervejas, tomei uma lapada de pitu e saí ainda no primeiro verso de "Pérola Negra". Disse boa noite ao cara atrás do balcão, pensando que a noite não estava nada boa. Voltei pra casa com alguma dificuldade e achei o espelho do elevador engraçado. Deitei na cama pra ver o mundo rodar, adormecendo depois de alguns minutos. Hoje eu acordei e não tinha café na garrafa nem leite na geladeira. E eu comi todas as bolachas ontem.
O que é péssimo, obrigado.