quinta-feira, junho 09, 2005

Vidas em poemas

Noutro dia, um amigo meu disse: “eu me sinto num poema do Vinícius de Moraes”. Sim, seria lindo se não fosse trágico.
Mas eu penso que poderia ser pior. A poesia de Vinícius tem um certo ar de otimismo, de que tudo vai dar certo...
E fui atrás de um poema que me deixasse por hoje estampado.

Ele na esperança, eu na saudade.
Ele pro futuro, eu pro passado.
Ele por Vinícius, eu por Bandeira.
No presente, a dádiva de podermos contar um com o outro e rir de outras (tantas) desgraças dessa vida.


O verbo no infinito (Vinícius de Moraes)

Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar

Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.

E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito

E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito...


Tema e variações (Manuel Bandeira)

Sonhei ter sonhado
Que havia sonhado.

Em sonho lembrei-me
De um sonho passado:
O de ter sonhado
Que estava sonhando.

Sonhei ter sonhado...
Ter sonhado o quê?
Que havia sonhado
Estar com você.
Estar? Ter estado.
Que é tempo passado.

Um sonho presente
Um dia sonhei.
Chorei de repente
Pois vi, despertado,
Que tinha sonhado.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ainda me mato por causa do vinicius sabia?

10/6/05 00:35  
Blogger BeL said...

poxa... adorei o poema do sonho!!! te amo buti, feliz dia dos namorados!!!! =) hehehehhee
bjinhos enormes e abraços tb

12/6/05 16:13  

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