domingo, fevereiro 27, 2005

de um livro

Um pouco mais tarde, como uma turista que sobe ao quarto a descansar depois de ter passado a tarde nos museus, dirigiu-se ao ascensor. A virtude, quem o ignorará ainda, sempre encontra escolhos no duríssimo caminho da perfeição, mas o pecado e o vício são tão favorecidos da fortuna que foi ela chegar e abrirem-se-lhe as portas do elevador. Saíram dois hóspedes, um casal idoso, ela passou para dentro, premiu o botão do terceiro andar, trezentos e doze era o número que a esperava, é aqui, bateu discretamente à porta, dez minutos depois estava nua, aos quinze gemia, aos dezoito sussurrava palavras de amor que já não tinha necessidade de fingir, aos vinte começava a perder a cabeça, aos vinte e um sentiu que o corpo se lhe despedaçava de prazer, aos vinte e dois gritou, Agora, agora, e quando recuperou a consciência disse, exausta e feliz, Ainda vejo tudo branco.
(José Saramago, Ensaio sobre a cegueira)

2 Comments:

Blogger makakai said...

que louco esse trecho!

e aí bruno? já foi pra niteroi?

tchau...

8/3/05 00:28  
Anonymous Anônimo said...

To com saco de ler non, claro=P Fui direto pru comment p/ te deixar um beijo!
Beijo=*

Peixe

ps: Fábio conseguiu o visto de residente \o/ Em 3 semanas ele ta indo simbora, gracas a deus!

8/3/05 17:42  

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